Santo Estêvão, Santo Estêvão da Ribeira ou
ainda, Aldeia de Santo Estêvão da Ribeira de Canha, nomes pelos quais era
conhecido, define um núcleo urbano cuja referência mais antiga data do Século
XIV.
«… já no ano de 1364 havia uma ermida
que tinha Santo Estêvão por orago, só não sabemos se possuía “Cura”. Mas, pelo
texto do tombo da mesma Ordem feito em 1561, conclui-se que, por esta época, a
ermida de Santo Estêvão possuía Cura próprio e tinha “dezoito fregueses”.»*
Este núcleo está integrado, na denominada
região alentejana do Concelho de Benavente, no distrito de Santarém.
O povoamento do território que corresponde à
actual freguesia de Santo Estêvão é bastante remoto, tendo em conta os diversos
achados arqueológicos encontrados na sua área, como é o caso de vestígios de
fortificações defensivas que alguns autores atribuem à época romana.
A freguesia de Santo Estêvão dista da
respectiva sede concelhia cerca de 16 quilómetros, localiza-se na margem
direita do Rio Almansor ou Ribeira de Santo
Estêvão e compreende muitas terras de cultivo e pastagem. Desta freguesia faz
ainda parte a localidade de Foros de Almada, que dista cerca de 5 quilómetros
da sede da freguesia.
O seu orago, como o seu nome indica, é Santo
Estêvão. Estêvão era um diácono judeu que falava grego e foi o primeiro mártir
cristão. Distinguia-se pela sua forte personalidade, pelo seu conhecimento e
pela sua eloquência que convertia ao cristianismo tanto judeus como gentios. A
sua capacidade de pregador motivou grande oposição e hostilidade, sendo denunciado
por inúmeras vezes à assembleia de judeus, o Sinédrio, que lhe ordenou que se
explicasse; justificou-se extensamente, mas foi denunciado como blasfemo,
levado para fora da cidade e apedrejado até à morte.
Esta freguesia foi um curato da Ordem de Avis e esteve integrada na
comarca de Santarém, passando em 1852 à de Benavente.
«No Tombo da Ordem de Avis, datado de 1561, encontram-se algumas
notícias sobre a aldeia de Santo Estêvão…»*
«Em 1566, quando ainda era regente do reino o cardeal D. Henrique, frei Cosme Dias foi nomeado capelão da Igreja de Santo Estêvão.»*
Santo Estêvão está, juntamente com as
freguesias de Benavente e Samora Correia, integrada na Reserva Natural do
Estuário do Tejo, uma das zonas húmidas mais
importantes para o estacionamento de aves migratórias da Europa, possuindo uma
notável biodiversidade e destacando-se pela abundância de cegonhas.
Já no início do século XX as principais
produções agrícolas desta região «eram o trigo e
o arroz; as explorações pecuárias resumiam-se ao gado bovino, cavalar e suíno.
/ …nesta freguesia estavam localizadas duas azenhas e dois lagares de azeite. /
Como estabelecimentos comerciais predominavam as mercearias, as tabernas e as
padarias, sem esquecer a farmácia. / Aqui eram usados os trajes ribatejanos. As
músicas preferidas pela população eram o “vira”, o “verde-gaio” e o “fandango”.
Como especialidades doces salientavam-se os “bolos de mel”, o “arroz-doce” e o
“bolo branco”.»*
Hoje em dia, a freguesia tem cerca de 1.800
habitantes que se dedicam, na sua maioria, à agricultura e ao comércio, sendo o
turismo uma área que também se tem vindo a desenvolver bastante na região.
«Estamos perante uma povoação cujas raízes são
interessantíssimas e com peculiaridades muito próprias e específicas. Basta
analisarmos a sua situação junto ao rio Almansor de tão extensa história! Por
aqui passaram civilizações ao longo de séculos, e mesmo de milénios, deixando
marcas inconfundíveis!»*
* QUINTAS, Maria da Conceição & DIMAS, Vera (2009). Santo Estêvão de Benavente -
Passado, Presente e… Futuro. 1.ª edição. Junta de Freguesia de Santo
Estêvão. ISBN 978-989-96057-4-9
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